Neste ano, poderão ser lançadas as bases para
outras eventuais candidaturas para as eleições presidenciais de 2021. Se no
PAICV é quase certa a aposta em José Maria Neves, o mesmo não se pode dizer do
MpD. Aqui perfilam-se meia dúzia de potenciais candidatos, a começar por
Ulisses Correia e Silva e Carlos Veiga.
O
ex-primeiro ministro José Maria Neves ainda não se pronunciou oficialmente
sobre uma eventual candidatura ao Palácio do Platô, mas o seu protagonismo na
esfera política e social aponta nesse sentido. Para fontes próximas de JMN,
trata-se apenas de uma questão de timing.
E
nisso há quem considere que JMN poderá mesmo regressar à liderança do PAICV
para tentar colocar o partido nos carris, tendo em conta a “incapacidade” de
Janira Hopffer Almada em unir a família tambarina. “É que um PAICV frágil não
favorecerá JMN na sua ambição de chegar à Presidência da República”.
A
estratégia, segundo os nosso interlocutores, seria reorganizar o PAICV para
ganhar as autárquicas em 2020 e depois “catapultar” JMN para as Presidenciais
de 2021. No fundo, a reedição da estratégia adoptada por Pedro Pires em 2000,
numa altura em que MpD encontrava-se em crise e desgastado por 10 anos de
governo e escândalos vários.
Daniel
“Maika” Lobo, um dos fundadores do MpD, escreveu, numa recente publicação na
sua página no Facebook, que “é muito provável” que o JMN venha a ser o próximo
presidente de Cabo Verde. “Não me perguntem, por favor, as razões. As razões?
Para quem quer ver, elas estão aí…”, diz.
Para
aquele observador, JMN “tornou-se com o andar do tempo um bom político, mesmo
com as muitas falhas conhecidas. Mas isso não é uma desvantagem, porque todos
os políticos cabo-verdianos têm muitas falhas. Uns mais, outros menos… E depois
sabemos: o povo tem a memória curta”.
Do
lado do MpD, fora a manifestação de Milton Paiva, que já se posicionou, não há
nenhum sinal dos “pesos pesados” da família ventoinha. Carlos Veiga, actual
embaixador em Washington, e que já concorreu por duas vezes ao Palácio do
Platô, é tido como um dos principais adversários de JMN, mas fala-se também na
possibilidade de Jorge Santos, Ulisses Correia e Silva, Eurico Monteiro e José
Luís Livramento para o mesmo cadeirão presidencial.
Já em
relação a Ulisses Correia e Silva, o facto de aparecer a partir de agora a
dividir o poder com Olavo Correia, que a partir de amanhã, dia 5, passa a ser
vice-primeiro, começa a ser visto como um sinal de que está a preparar-se para
outros voos, nomeadamente, a Presidência da República. Afinal, numa análise
fria, pouco ou nenhum sentido fará que em 2021 ele volte a pedir os votos aos
cabo-verdianos depois de sinais de pouca ou nenhuma motivação para o cargo de
primeiro-ministro.
Enfim,
um outro nome que vem sendo ventilado como potencial candidato presidencial a
ser apoiado pelo MpD é Eurico Monteiro, embaixador em Portugal, que segundo
Maika Lobo “foi uma figura de proa dos anos 90. Foi indiscutivelmente o número
dois do partido e do governo. Foi um dos maiores arquitectos da vitória do MpD,
em 1991”.
Fonte: Jornal A Nação